23 de agosto de 2008

ENCONTRO DE DANÇA ORIENTAL

ALKARIF MOHIT


-Oficinas de Dança do Ventre
-Palestras sobre a cultura Arabe
-Roda de mulheres
-Apresentações artisticas
13 e 14 de Setembro
9:00 as 12:00 e das 14:00 as 17:00
Valor das inscripções:30.00$R
Teatro Armazem 14
Av. Alfredo Lisboa, cais do porto
informações: (81) 86416734
patrocinio: caravana arcoiris por la paz
e teatro armazem

RELEASE DA SEMANA de VIVENCIAS
Com a “CARAVANA ARCOIRIS por la PAZ”
Na sede da
CELULA-MATER
Rua da Glória, 310
Recife- Boa Vista

(30 Agosto ao 6 Setembro 2008)

¿ QUE é A CARAVANA ARCOIRIS por la PAZ ?

UMA ONG INTERNACIONAL NOMADE DE VOLUNTARIOS PERCORRENDO AS AMERICAS

UMA TROUPE MAMBEMBE DE ARTISTAS E ATIVISTAS SOCIAIS

UM CIRCO SEM ANIMAIS

UMA TURMA DE HIPPIES SAIDOS DUM FILME DOS ANOS 60´S

UMA ESCOLA DE VIDA

UM PONTAO DE CULTURA ITINERANTE

UMA ECOVILA MOVIL

UMA PEQUENA TRIBO DE GUERREIROS PELA PAZ

UMA FAMILIA EXTENDIDA DE CIGANOS DO ARCOIRIS

Essas e muitas mais são algumas das possíveis caracterizações da Caravana Arcoiris por la Paz Originada no México em 1996, como materialização de um sonho coletivo longamente acariciado, a Caravana voltou com os anos numa lenda vivente. Com seus ônibus coloridos, suas sucessivas turmas de jovens de todas as idades, proveniências, talentos, compartilhando alegria, surpresas, cantos, cerimônias, pajelanças, oficinas, tambores, a sua lona de circo mágico, percorrendo as estradas, vilarejos, sertões, favelas, praias, quilombos, matas, florestas, capitais, praças e bairros do continente.

Na Caravana, os sonhos de todos vão criando realidades ao passo de seu andar, semeando esperanças de cores nos quatro cantos da Mãe Terra, e o sonho maior, “Um outro mundo possível” se - materializando periodicamente nas “Aldeias atemporais” de Paz e nas rodas da paz que seus tripulantes levantam, quando os tempos e sinais são propícias.

Sementes no México, Centroamérica, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Chile, Argentina, Uruguai e no Brasil, onde no ano 2005, o Ministro Gilberto Gil a descobre e convida para voltar numa embaixada de boa vontade, para visitar os Pontos de Cultura do pais. Viajando de ponto em ponto, contribuindo a tecer a rede duma nova “Escola Viva,”com toda a rica variedade dos fios multiculturais brasileiros.

Aldeias e rodas de Paz; e celebrações, palestras, mostras audiovisuais, oficinas e momentos Arcoiris, aqui e lá, até chegar a Pernambuco: Recife, Olinda, Glória de Goitá, Garanhuns, berços de culturas tradicionais e emergentes, onde levantamos nosso acampamento no Centro Ecopedagógico Bicho do Mato desde o mês de fevereiro 2008. Para conhecer e trocar experiências ai onde as diversidades se encontram, partilham, crescem juntas, e criam vivencias únicas e inesquecíveis. Historias para serem contadas nas futuras rodas de paz, e para dar nascimento a novos sonhos e novas lendas. Uma pegada no imaginário, para tod@s os imaginautas que acreditam e tentam o impossível, para manifestar “outros mundos possíveis.”

PROGRAMACAO no mês de Agosto e Setembro

Sábado 30 – A partir das 17:00 hrs. FESTA DE APERTURA DA SEMANA ARCOIRIS NA CELULA MATER

Performances, mostras, audiovisuais, todo acontecendo...muitas surpresas. Traia seus instrumentos de musica , algo de comer e de beber, e sua criatividade imaginauta para compartilhar.

“Aqui esta a Caravana Arcoiris por la Paz”: Mostra de fotos, PowerPoint, audiovisuais e blog; musica em vivo, cantos, danças, antigas e novas cerimônias do mundo e pela Mãe Terra, e outras surpresas....

Terca feira, 2 Setembro - As 18:00 hrs: Oficinas de introdução à dança de ventre, com Karol Mora Sacta, (Equador) e a “Dance-contact-improvisation,” por Simon Soto (Chile)

Quarta feira, 3 Setembro – As 18:00 hrs; Pré-lançamento dos documentários: “O Chamado do Condor” (de Jason Gutzmer, realizado em Peru); e a “Aldeia de Paz em Olinda,”(de Aurélio Pereira, do Canal Capibaribe-2008) dois importantes eventos organizados pela Caravana.

Quinta feira, 4 –As 18:00 hrs: “Mulher: bruxa, xamá, donzela, mãe e amante”, Roda de mulheres conduzida pela guardiã equatoriana dos conhecimentos ancestrais das deusas, Verônica Sacta Campos, coordenadora da Caravana.

Sexta feira, 5- As 18:00 hr: “O Povo Maia-Ontem, hoje, sempre”: Lendas, historias, imagens, visões. Com Alberto Ruz, mestre de cerimônias, lutador pelos direitos dos povos indígenas e filho do grande arqueólogo e descobridor do Tumulo Real de Pakal, o maior sacerdote-governante conhecido dos maias, encontrado em Palenque, na floresta de Chiapas, México, no ano 1952.

WORKSHOPS com a Caravana Arco-Iris no mês de Setembro

A Caravana, com o centro de Célula Mater estará preenchendo inscrições todos esses dias para uma serie de eventos, workshops e oficinas que se realizaram nas seguintes semanas, de setembro.

Entre elas: Sincronário e oráculos dos Maias, ioga integral, saúde holística, dança de contact-improvisation e movimento autentico, dança do ventre, muralismo, swing e malabares para crianças, e o Circulo de Mulheres que continuara reunindo-se no tempo que a Caravana fique na região metropolitana de Recife.

INGRESSO sugerido para cada uma das atividades da semana de agosto: $5,00 reais o dois quilos de alimentos não perecíveis.

Oficinas e workshops para o mês de setembro: $80.00 reais por 12 horas de curso, o $10,00 por sessão.

INGRESSO sugerido para cada uma das atividades da semana de agosto: $5,00 reais o dois quilos de alimentos não perecíveis.

Oficinas e workshops para o mês de setembro: $80.00 reais por 12 horas de curso, o $10,00 por sessão.

Informes sobre Célula.Mater:
Ghustavo Távora: 81-8617-8324
oimaginauta@gmail.com
Cyane Pacheco: 81-8851-2515
cyanepacheco@yahoo.com.br
www.celulamater.blogspot.com

Informes sobre a Caravana Arcoiris
Verônica Sacta: 81-8641-6734
guacamaya_sacta@yahoo.es
http://caravanaarcoiris.blogspot.com
www.lacaravana.org (em reconstrução)

Bicho do Mato

Atividades recentes da Caravana no Centro Ecopedagógico “Bicho do Mato”

Desde o mês de fevereiro a Caravana montou sua base aqui no “Bicho do Mato”, uma chácara de cinco hectares a 10 km de Recife, propriedade da família de Kalinne, companheira de Thomas Enlazador, dois antigos amigos e aliados da Caravana.

Os prédios da chácara tenham sido abandonados por muitos anos, e se encontravam em mas condições na maior parte. Thomas e Kalinne decidirem de morar lá, e de receber seu segundo filho na “terra prometida”: Amam. Seus projetos eram os de criar um “Centro Ecopedagógico” e começar a re-ocupar os espaços com a idéia de poder tornar a chácara em um modelo demonstrativo para grupos de jovens, crianças e estudantes interessados nas diversas áreas da ecologia e a recuperação dos ecossistemas.

Semanas depois do nascimento de Amam, a Caravana chegou à chácara, proveniente de Aracajú, para participar nos famosos carnavais tradicionais de Recife e Olinda, e para continuar com nosso trabalho com os Pontos de Cultura dessa região e do resto de Pernambuco. Thomas já tinha nos-convidado para passar um tempo nesta nova base, para de ai nos começar nossas articulações em troca de colaborar com ele e sua família na criação do futuro Centro.

Sem previsão do tempo que precisaríamos para ficar lá, nos começamos a visitar diversos pontos de cultura, e a apoiar as “férias mensais de Economia Solidária” que Thomas e Kalinne organizaram na chácara, que depois de um par de meses de nos estar convivendo lá, numa roda de propostas para encontrar um nome, ficou sendo batizada “Bicho do Mato.”

Com o passo das semanas, dos voluntários da caravana, que nesse momento aumentaram a perto de 20, começamos também a adequar os espaços para poder morar lá, já que a estação de chuvas estava cada vez mais perto.Os espaços destinados para a cozinha e refeitório precisavam refazer seu teto, completamente apodrecido, e numa semana de mutirões, ele foi completamente mudado-

O galpão onde as barracas foram montadas, devido às chuvas e a lama, também precisou ser reparado, já que a metade dele tinha sumido nos anos de abandono. Uma latrina seca, um chuveiro ao ar livre, uma estação de lavado de roupa e uma área de reciclagem foram as seguintes obras dos caravaneiros, com uma roda bananeira plantada na zona de filtragem de águas cinzas dos lavadeiros. Depois de vários intentos, também conseguimos resolver a reciclagem das águas cinzas da cozinha, com um pequeno horto para plantas medicinais e alimentícias. Um horto circular, com forma de yin-yang, foi também implementado nesses primeiros meses.

Com a presença da Caravana e a ótima articulação de Thomas na Universidade Federal de PE e com as instituições ambientais do estado, grupos de estudantes começaram a chegar, a imprensa, e até a TV-Globo, que fiz uma excelente matéria sobre a Caravana que passou varias vezes no Jornal nacional da Globo e nas estações do estado. As férias também atraíram cada vez mais pessoas que seja um sábado o um domingo, chegam passam a manha fazendo oficinas o curtindo, a meio dia faz um almoço comunal com a gente, e na tarde montam a feirinha, com seus objetos reciclados, livros, roupa, CD´s, DVD´s, instrumentos musicais, e seus artesanatos, alimentos e serviços vários. As atividades são acompanhadas de musica em vivo, rodas de danças do mundo, tambores, e dum fechamento ao por do sol em torno da fogueira.

A nossa estanca no “Bicho do Mato” tem já mais de seis meses, mais ate agora não conseguimos ter previsão da nossa seguinte etapa de viagem, devido aos problemas que estamos tendo com o processo de prestação de contas de nosso projeto Caravana Cultura Viva com o Ministério da Cultura, que tive seu grande final com a Aldeia de Paz que foi estabelecida na Praça do Carmo, em Olinda, os últimos dias de abril.

Devido a isso, mesmo si agora nosso grupo ficou muito reduzido, a menos de 10 pessoas na atualidade, a Caravana continua realizando atividades, tanto na área metropolitana de Recife como aqui no Bicho do Mato.

As mais recentes tiveram lugar à semana passada, na quinta feira 14 agosto, com a visita de um ônibus cheio de crianças e adolescentes do Ponto de Cultura Negras Raízes de Olinda, que acompanhados de seus monitores e da coordenadora do ponto, Luzia dos Prazeres, passaram uma tarde maravilhosa conhecendo nosso modo de vida itinerante, nossos ônibus, trailers, camião, e nossas rústicas instalações, já que essa organização tem um grande interesse em criar sua própria Caravana.

Os mais de setenta jovens visitantes foram divididos em grupos, e cada um deles aprendeu sobre as utilidades de nossos veículos e a historia de nosso grupo. Nos respondemos a suas inúmeras perguntas, e cantamos e dançamos com eles ao som do meu tambor xamánico e das maracás de Verônica.

No domingo 17, tivemos outra visita interessante, uma centena de ciclistas conduzidos por seu líder, um oficial da Policia Militar, que cada semana visitam algum sitio perto de Recife onde aconteçam algumas atividades diferentes, e que esta vez solicitaram de passar um par de horas com a Caravana e no Bicho do Mato, atraídos por uma matéria aparecida no maior jornal da cidade.

Os ciclistas, homens e mulheres de todas as idades, socialmente acomodados, que provavelmente nunca tenham convivido de perto com uma turma de loucos como nos, passaram um tempo muito divertido, aprendendo de nossas diferencias, dançando baixo a chuva, cantando hinos indígenas e orientais com a gente, o tomando um copo de água de coco, pão integral e bolo feitos em casa para a ocasião. Ficaram muito agradecidos, felizes, e alguns deles voltaram essa mesma tarde para participar na última feirinha da Economia Solidária, que tive lugar esse mesmo domingo.

Assim, em menos de uma semana, tivemos mais de duzentos visitantes, desde crianças, na maior parte afro-descendentes, até uma turma de classe meia alta, profissionais na maioria, e um grupo de umas quarenta pessoas da turma alternativa da cidade. Trocando idéias, serviços, visões, momentos de alegria e aprendizado na difícil arte de conviver em respeito pelas diferenças. E dessa maneira, até que as chuvas parem, as dificuldades burocráticas, internas, políticas deste momento, mudem para dar-nos a senha de partir, aqui ficaremos, realizando próximos projetos como a construção de um forno a lenha para pão, pizzas e bolos, que já esta bem encaminhado. Deixando traças bonitas a nosso passo. Ao menos tentando-o. Fiquem ligados para as próximas atividades e...si estão perto de aqui, participem... Ate a próxima!

O Subcoiote Alberto

CHAMADO DA FLORESTA AMAZÔNICA

COMUNICADO DO SUBCOYOTE ALBERTO
sobre o
FÓRUM SOCIAL MUNDIAL (FSM)
2009

CHAMADO DA FLORESTA AMAZÔNICA
Belém, estado do Pará.
Amazônia Brasileira
27 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009

Saudações família, clãs, tribos, movimentos, redes, caminhantes, guerreiros da paz, gente ponte, curandeiros e sonhadores de sempre.
Novamente aqui o subcoyote Alberto num chamado planetário a nos mobilizarmos, desta vez ao Norte do Brasil, para construir e participar da manifestação de uma Aldeia de Paz, no marco do próximo Fórum Social Mundial (FSM), que acontecerá na cidade de Belém, capital do estado do Pará, justamente numa das desembocaduras do grande rio Amazonas, de 27 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009.

A Floresta Amazônica é o nome que escolhemos para este chamado, já que estamos vivendo um momento de emergência planetária, em que o processo acelerado de exploração irracional na Amazônia já devastou mais de 20% da floresta. Portanto é de suma importância que o próximo FSM tenha a Amazônia e sua incrível biodiversidade (a maior do planeta!) como um símbolo da necessidade de seguirmos lutando, local e planetariamente, para proteger esta, que é um dos últimos pulmões verdes e fontes de água doce de nossa querida Mãe Terra, localizando-se na Amazônia, a maior bacia hidrográfica do globo.

Antecedentes das Aldeias planetárias de Paz

A Caravana Arco-íris por la Paz acaba de completar doze anos de viagem pelas Américas no dia 18 de julho desse ano, e em 1° de agosto completou 3 anos no Brasil, tendo percorrido 10 estados brasileiros. Todos os nossos propósitos originais já foram amplamente cumpridos. A realização de vários conselhos de visões biorregionais desde o primeiro Continental realizado em Meztitla, Morelos, México em 1996, até o chamado do beija-flor no Brasil, em Goiás, em 2005. Durante o caminho além dos conselhos de visões mexicanos foram semeados o primeiro conselho biorregional da Venezuela, na grande Savana em 1997-98; 0 primeiro conselho biorregional e de eco aldeias em Titiribi-Armenia, na Colômbia em 1999-2000; a aldeia da paz das mulheres lideres em Paute, Equador em 2002; o Chamado do Condor em Urubamba e Machu Pichu, Peru, em 2003; o Chamado do Arco-íris em Apu Wechuraba de Santiago de Chile em 2004; o Chamdo do Aconcágua em Viña Del Mar em 2005 e o Conselho de Visões brasileiro no mês de setembro de 2005 na Chapada dos Veadeiros, Goiás.

No caminho entre o Chile e a Argentina, conseguimos também cumprir com a nossa meta mística e geográfica de plantar a bandeira do Arco-íris nos gelos e geleiras da Terra do Fogo, e de fechar a nossa peregrinação pelas estradas sagradas do continente, cumprindo assim a missão que os nossos avós nos incumbiram de contribuir para o despertar dos povos originais e dos centros de poder das Américas.

Apoiados por Gilberto Gil, até poucos dias Ministro da Cultura, a Caravana Arco-íris se adaptou a uma nova personalidade ao entrar para fazer parte de um revolucionário programa de descentralização e democratização da cultura no Brasil, transformando-se estrategicamente na Caravana Cultura Viva. Em apenas três anos de trabalho realizamos centenas de atividades culturais, educativas, cerimoniais, e contribuímos para o fortalecimento da rede de Pontos de Cultura tradicional, popular e emergente do país. O encerramento desse trabalho se deu no levantamento da nossa mais recente Aldeia da Paz, no centro histórico da cidade de Olinda, Pernambuco, em Abril deste ano, evento que conseguiu reunir uma grande quantidade de grupos culturais dessa região e que foi motivo de um documentário que será estreado nos próximos dias em vários fóruns do estado.

Neste momento mantemos nossas duas personalidades, a de Caravana Arco-íris e a de Caravana Cultura Viva, e graças a ele, estamos iniciando agora uma nova etapa e capitulo do nosso caminho, para difundir, manifestar e organizar mais uma das nossas experiências eco vivenciais e cooperativas, desta vez no marco do maior evento em que até agora já tivemos a oportunidade de participar: nosso primeiro Fórum Social Mundial.



O que são os Fóruns Sociais Mundiais?

Os FSM’s, como a maior parte de vocês sabe, surgiram das mobilizações sociais a partir de 1999 como parte das ações globais que se deram inicialmente contra o neoliberalismo e a globalização, tanto em Kolhn, Alemanha, num encontro do FMI( Fórum Monetário Internacional), como em Seattle nos Estados Unidos, no encontro da Organização Mundial de Comércio. A característica principal desses eventos é a diversidade e pluralidade de movimentos sociais, ecológicos, espiritualistas, anarquistas, pacifistas, indígenas, religiosos, camponeses, marxistas, de mídia independente, feministas e de Direitos Humanos em geral, de todo mundo, sendo todos eles autônomos, participando pela primeira vez, na historia recente, de uma forma organizada, lutando pelos mesmos objetivos.

O primeiro FSM aconteceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, no ano de 2001 com o propósito de criar um espaço de encontro, diálogo, reflexão, articulação em redes e de criar frentes unidas para a defesa da vida e a busca de alternativas ao modelo de produção e consumo dominante. Seu lema “Outro mundo é possível” conduziu a formulação do conceito “altermundista” para os atores e ativistas desse novo movimento mundial.

Os dois FSM seguintes também ocorreram em Porto Alegre, o quarto em Bobaim, Índia. O quinto, em 2005, foi novamente em Porto Alegre e no ano de 2006 foram realizados três fóruns simultâneos em Caracas, Karachi e Bamako. Em 2007 ocorreu em Nairóbi, África, e em janeiro de 2009 acontecerá na Amazônia, em Belém, Pará.

Em cada um desses eventos, pelo menos no Brasil, se designa um espaço para o Acampamento Internacional da Juventude, no que por três anos uma série de grupos altermundistas desse país tem coordenado as Aldeias da Paz, modeladas, entre outros, pelo desenho gestado ao longo do processo de formação dos Conselhos de Visões biorregionais, que tiveram origem no México, desde princípios dos anos 90. Vários membros dessa rede de organizadores da experiência das Aldeias de Paz brasileiras, entre eles Thomas Enlazador e Claudião Spinola, assistiram o chamado do Condor e se converteram nos principais coordenadores juntamente conosco, Caravana Arco-íris do Chamado do Beija-flor.

E agora, aproveitando a sincronia da Caravana estar a vários meses acampando no Centro Ecopedagógico Bicho do Mato, de Thomas e Kalinne, em Recife-PE, novamente ambos os grupos e redes estão se unindo para fazer esse chamado conjunto às redes altermundistas do planeta.

Porquê uma Aldeia de Paz nos FSM’s?

A decisão de criar esses espaços surgiu da observação de que nesses eventos, que atraem dezenas de milhares de ativistas de todo o mundo, não tem uma previsão de um espaço em que se possa montar um modelo-piloto, temporal, onde se possam oferecer experiências práticas, vivenciais, naquilo que implica criar e sustentar uma cultura altermundista diante das condições em que se encontra o nosso planeta hoje em dia. Os fóruns trazem consigo uma programação com centenas de conferências, mesas redondas, apresentações audiovisuais, documentários, filmes, exposições de fotos incluindo manifestações artísticas de todas as espécies, mas todas falando do que não funciona no sistema dominante em que vivemos, e muito pouco do que poderia ser feito em propostas alternativas esse sistema. De como passar dos pro-testos para as pro-postas possíveis.

É certo que em um par de ocasiões tanto no Brasil quanto na África, a rede global de ecoaldeias e de permacultores montaram seus estandes de informação, também para apresentar suas, nossas, propostas de como criar e multiplicar essas experiências fundamentais ao longo do planeta. Mas na prática durante os fóruns não conseguiram montar um espaço onde isso pudesse ser vivenciado. Onde todas as mesmas contradições possam ser testadas, colocadas em ação, experimentadas, corrigidas, transformadas e transcendidas.

Nossa proposta de levantar de novo uma Aldeia da Paz em Belém,é de poder contar com um espaço onde se possa comer de uma maneira saudável, agradecendo por tudo o que a natureza nos proporciona, acampar sem medo de ser roubados e das mulheres serem molestadas, um espaço onde possamos reciclar nosso “lixo”, usar a água de maneira racional, criar rodas de paz para compartir cantos e danças de todo o mundo, ter um local de cura com as plantas e outras terapias alternativas, um lugar onde nossas crianças possam brincar e cantar sem estar em perigo, nem estar expostos ao consumismo e aos outros “valores” que nos induzem dia e noite os meios publicitários, os shoppings, um lugar onde se possa manter um fogo aceso no coração da aldeia, onde se possa ter a oportunidade de se expressar, de ser ouvido. E que todas essas palavras, orações, cantos, questionamentos e propostas não sejam tão somente retóricos, mas sim que possam ser levadas e aplicadas no nosso cotidiano. Não sabemos o quanto de tudo isso conseguiremos realizar, mas esse é o nosso intento, nosso desafio, e a aventura a que os estamos convidando.

De alguma forma esta será a “graduação” da Caravana Arco-íris por la Paz, provavelmente o encerramento das nossas atividades na América do Sul, e para isso estamos convocando os antigos caravaneiros e caravaneiras, e a todos aqueles que quiseram vir conosco e até agora não conseguiram, para vir dar uma mão, para contribuir levantando fundos em suas biorregiões, para conseguir materiais e apoios de todo tipo e para se fazer presentes e compartir tudo o que tem sido feito nesses anos, para juntos termos uma grande celebração e um Conselho de Visões, para olharmos juntos os diferentes amanhãs e mundos possíveis que se abrem diante de nós.

IMPORTANTE: como até este momento não contamos com nenhum apoio nem patrocínios institucionais, nem privados e nem públicos, nem nacionais e nem internacionais, este chamado é para que cada um de vocês aí onde estão e onde se movem contribuam para encontrar parcerias, associações com fundações, ONG´s, fundos de todo tipo, para ajudar-nos a nos mobilizar, a chegar pelo menos um mês antes do FSM em Belém, e conseguir toda infra-estrutura para receber os vários milhares de outros nós, que chegarão do mundo inteiro para participar desse evento histórico.

Esperamos suas sugestões, contatos, idéias e visões, mas também seu apoio concreto para podermos manifestar juntos esse maravilhoso projeto.




Como saber mais sobre o FSM e as Aldeias de Paz?

Aqui lhes enviamos uma lista de sites e blogs onde podem acessar mais informações, mas no que se refere a nossa iniciativa lhes recomendamos iniciar uma conversa através deste meio para saber quem de antemão já sabe que pode ou não pode, e como pode nos apoiar na realização desta transcendental experiência.

Sitio del FSM: www.forumsocialmundial.org.br
Blog del FSM: http://www.fsm2009amazonia.org.br
Blog actualizado del FSM: http://belemjaneiro2008.blogspot.com

Portal de Aldeia de Paz: http://aldeiadapaz.blospot.com
Con videos de la última aldea de paz en el FSM de Porto Alegre



E-mail de Thomas Enlazador: ecopedagogia@gmail.com
Blog de Ecopedagogia: http://ecopedagogia.blogspot.com

E-mail do Subcoyote Alberto: subcoyotealberto@yahoo.com
Blog da Caravana: http://caravanaarcoiris.blogspod.com
Sitio (em reconstrução) www.lacaravana.org

Sitio do Hummingbird Call: www.humingbirdcall.com (Recomendado para acessar e saber do documentário do "Chamado do Beija Flor" de Brasil e da proposta do “Eco-Manifesto” de sua direitora Alice Klein)

E-mail de Nicolas Dyszel: fckallthis@hotmail.com (Recomendado para acessar e saber do documentário “Gente da Terra”, (em espanhol) sobre o “Chamado do Beija Flor” de Brasil), dirigido pelo mesmo Nicolas.
http://www.youtube.com/watch?V=cOnSAAmEZ14

E-mail de Jason e Penélope (laranarcoiris@yahoo.com)
Para os documentários: "World Bridgers": 10 años de viajem com a Caravana Arcoris por la Paz e "El Llamado del Cóndor"

E-mails de Gabo Zapata e Erica Tomas <anandanadi@gmail.com>,
Para os documentários: "El Llamado del Cóndor" e "Tzajalá-Consejo de Visiones de Chiapas en 2002"

Subcoyote Alberto Ruz Buenfil subcoyotealberto@yahoo.com

12 de agosto de 2008

XVIII-FESTIVAL de INVERNO de Garanhuns (FIG)



O estado de Pernambuco e provavelmente aquele que tem a maior diversidade de manifestações culturais do Brasil. Recife e a região metropolitana que tem o maior numero de Pontos de Cultura reconhecidos pelo MinC, e Olinda, a cidade com “maior numero de artistas por numero quadrado” do pais.

Entre as grandes festas que cada ano se realizam no estado, temos em primeiro lugar o “Ciclo Carnavalesco”, e depois, o “Ciclo das paixões”, (espetáculos que retratam os últimos dias da vida de Jesus Cristo), o “Ciclo Junino”, (festas a São João, com as suas maravilhosas quadrilhas e festas de Forró), e o “Ciclo Natalino.”Alem disso, desde o ano 1990, uma pequena cidade do interior chamada Garanhuns começo a ter um Festival de Inverno (aqui no Sul o verão do norte é seu inverno, e vice-versa), que 18 anos depois se há convertido no: “Maior Festival cultural do nordeste, do Brasil, das Américas...do mundo” nas palavras dos entusiastas comentadores e divulgadores do evento.

Umas semanas antes do acontecimento, a Caravana foi convidada pela Fundarpe para apresentar um projeto, junto com os outros 38 Pontos de Cultura pernambucanos, para realizar oficinas como parte da programação do Festival, projeto que finalmente foi selecionado, junto com outros seis, para participar nesse grande acontecimento.

A 250 quilômetros de Recife, Garanhus se encontra entre sete colinas, tem um clima fresco que pode chegar a menos 10%, e uma vez chegados a cidade, no dia 18 de julho, XII aniversario da Caravana, os 10 membros da Caravana atual, (com dois convidados) fomos alojados num centro de acolhimento da Secretaria de Educação, em dois quartos (homens e mulheres separados).

Nosso convenio com a Fundarpe e a Municipalidade de Garanhus tinha dois aspectos, a montagem e aluguel de nossa lona de circo para receber os representantes ao I Fórum de Cultura dos Quilombolas em Pernambuco, e a realização de quatro series de oficinas para crianças e adolescentes quilombolas em Castainho, um remanescente quilombolo a 15 kms de Garanhuns.

Graças a isso, do dia 18 ao dia 26, a Caravana tive a oportunidade de ser uma das 150 manifestações culturais, que incluíram espetáculos cênicos, cortejos de grupos populares, mostras de cinema e literatura, teatro, artes circenses, artes plásticas, exposições fotográficas e artesanais, espetáculos de rua, palestras, rodas e oficinas em cinco palcos e no quilombo de Castainho, que constituírem a programação do Festival de Inverno de Garanhuns.

As grandes figuras do show buzines brasileiro alternaram com os grupos de forro pe de serra, forró pesado, forró eletrônico, coco, samba, cavalo marinho, ciranda, reisado, frevo, pífano, tores indígenas, mazurcas, maracatu, mamulengo, as orquestras sinfônicas e gospels religiosos e as bandas de todos os gêneros imagináveis.

Alem disso, a Fundarpe alugou uma linda casa amarela colonial, “A Casa dos Pontos de Cultura de Pernambuco”, onde aconteceram muitas outras atividades que cada um dos pontos ofereceu para enriquecer o magnífico evento, entre elas uma estação de radio que funciono os 10 dias que o FIG aconteceu.

Milhares de pessoas, turistas, artistas, pessoal de seguridade, jovens, artesãos, vendedores de pinga e alimentos, de todo o Brasil e de outros paises como Cuba, chegaram e curtiram dia e noite desta festa sem igual por sua diversidade e qualidade dos espetáculos todos.

E nos da Caravana, ocupados no dia nas oficinas com a juventude quilombola, aproveitamos as noites, chuvosas, frias, para dançar, perdidos uns dos outros no meio das multidões, beber uma cachaça com limão e mel o com canela e pimenta, cantar com outras milhares de vozes e voltar à
base antes do amanhecer para retomar as nossas atividades depois do café da manha em nosso refeitório.

As oficinas foram maravilhosas, difíceis, cheias de desafios, com mais de 120 crianças bangunceras, hiper-ativas, super empolgadas, indisciplinadas, tímidas, fomentas de todo tipo de alimento, para o corpo, a mente e o espírito, mais com os olhos brilhantes e os corações bem abertos para receber um poço de amor, ternura, informação e vivencias novas, dos bem provados “guerreiros do arcoiris” que nesses dias tivemos que ser de novo.

Oficinas nunca antes oferecidas no estado, muito menos no contexto das crianças quilombolas: Eco- educação, Vida Saudável, Circulo de Mulheres e cultura de Paz, num experimento de convivência que afortunadamente deu resultados ótimos que foram reconhecidos, comentados, acrescentados nas avaliações que todos os participantes, os moradores do quilombo Castainho, os
produtores e organizadores, os representantes das instituições tiveram ao concluir das atividades desempenhadas pela Caravana.

Na semana que passamos no Castainho, conseguimos que cada uma das turmas que escolheram nossas oficinas, entre 18 e 65 crianças em cada uma, tivera uma apresentação pronta para o dia de encerramento, planejado como uma grande festa para a comunidade em geral. À tarde-noite do 25, a lona de circo da Caravana, com suas bandeiras arcoiris, estava pronta para receber todos e todas, e a celebração foi um lindo e comovedor momento, que ficara na memória desses jovens por muito tempo.

Os meninos dos dois coros da professora Catarina, a turma de dança que pegou as oficinas de Arte das mandalas no ritmo Afro-Brasileiro do Ponto de Cultura Menina-Mulher, e os quatro grupos de nossas oficinas compartilharam, a maior parte deles apresentando-se ante uma audiência pela primeira vez nas suas vidas, o resultado do aprendido, na forma de uma peca de teatro ecológica, uma roda e cerimônia de mulheres, uma sessão de ioga e um toré indo-americano, para a felicidade e orgulho de todos os que estivemos nessa festa inesquecível.

No dia 26, dia “fora do tempo,” baixo uma chuva fina, como no primeiro dia do montagem, levantamos o acampamento em Garanhuns, a grande e pesada lona, os equipes de som, luzes, oficinas, e nos despedimos, entre muitas lagrimas e saudade, dos meninos e meninas do Castainho.

Prontos para a seguinte aventura, com uma parada de dois dias no paraíso do Ponto de Cultura Boi da Macuca na Fazenda da Macuca em Poço Comprido, Correntes, convidados pelo histórico Zé da Macuca, um dos mais mágicos sítios que temos visitados nestes últimos tempos no nordeste brasileiro.


ENCONTRO CONEXAO MERCOSUL CULTURAL e PONTOS DE CULTURA em Garanhuns

Dias antes de nossa saída a Garanhuns, também nos foi confirmado o convite a participar auditório do Hotel Tavares Correia, onde uma grande parte dos coordenadores dos pontos, do pessoal da Fundarpe a muitos artistas se alojaram.

O encontro reuni aos representantes da Fundarpe, TV Brasil, o Canal Integración, o MinC Nordeste e o Minc Federal, Ministério de Relações Exteriores, da Teia por Invenção Brasileira, e dos Pontões de Cultura: Fabrica do Futuro de MG, IPSO de São Paulo, Circo Digital de RJ, Cria de Salvador de Bahia, teatro do Oprimido, RJ, Biblioteca Fórum Social Mundial, RGS, Encarte de
Fortaleza, Cinema de Animação e Negras Raízes de Pernambuco e a Caravana Arcoris, o único pontao itinerante e internacional do programa Cultura Viva

Verônica e Coyote Alberto foram os representantes da Caravana, e tiveram a oportunidade de apresentar um poço do histórico e do trabalho da Caravana, junto com os outros pontões, e de oferecer-se como parte da coordenação e da criação de uma “Aldeia temporal de Paz” no marco do próximo Fórum Social Mundial que terá lugar do 27 janeiro 2009 ao 1 fevereiro 2009 na cidade de Belém, no estado de Pará.

A proposta foi incluída numa agenda de eventos no Brasil todo, para fortalecer a integração do Brasil com o resto dos paises do continente, na área da cultura, preparando o terreno para a criação da conexão MercoSul reunindo Pernambuco, Argentina, Uruguai e Venezuela, e para:“ Promover a articulação necessária entre os setores produtivos, relacionados diretamente à economia da cultura, com fins de promover o cenário nordestino, preparando-o para uma estruturação capaz de suportar o desenvolvimento sustentável.”

Para dar continuidade a esse projeto, a Caravana, junto com os coordenadores das anteriores “Aldeias de Paz “ dos Fóruns Sociais de Porto Alegre e de Caracas, entre eles Thomas Enlazador do Bicho do Mato, onde a Caravana esta ficando desde o mês de fevereiro, estamos trabalhando num “Chamado” biorregional, nacional e internacional, para procurar parcerias, apoios, fundos, voluntários, equipes, materiais, para a nossa mobilização e para a criação da Aldeia.

Nos próximos comunicados, a gente vá enviar a tod@s vocês mais informação sobre o Fórum e sobre nossos planes de viagem e da construção da Aldeia. Fiquem ligados!

11 de agosto de 2008

TEMAZCAL em SÃO LOURENCO da MATA,



Pernambuco




Por o Coyote Alberto Ruz


O “temazcal”, temascalli”, entre os povos indígenas do México, e o “inipi”, entre os povos ameríndios das Américas do Norte, é uma construção tradicional feita com galhos flexíveis, adobe ou pedras, dependendo da região onde foi e continua sendo utilizado ate hoje, cujo propósito e de proporcionar um espaço circular, obscuro, seguro, intimo e sagrado, no qual nos poder purificar e entrar em contato profundo com os quatro elementos que fazem a base da existência: terra, água, ar e fogo.

Chamados também “saunas indígenas”, os temazcales ou inipis nos oferecem a oportunidade de participar de um ritual-cerimônia de curaçao e sanacao ancestral, que foi preservado por muitos séculos, mesmo nos tempos onde as diversos impérios coloniais e as igrejas tentaram de eliminá-lo. Isso foi possível graças aos guardiões desta tradição, que foram perseguidos e muitas vezes assasinados, acusados de praticar as artes demoníacas e pagas, como aconteceu (e continua acontecendo) com os xamás, pajés, bruxos, curandeiros, parteiras, homens a mulheres de conhecimento, em muitos lugares do mundo.

Afortunadamente, essas formas de praticar a medicina natural, e de nos devolver um necessário contato com a Mãe Natureza, começaram a ser aceitas com as mudanças sociais e culturais iniciadas na década dos anos sessenta, com as terapias transpessoais, a anti-antropologia, a contracultura e a revalorização das tradições dos povos indígenas do mundo. Paulatinamente esses conhecimentos foram repassados a pessoas-ponte, aprendizes, mesmo de outras culturas e origens, para conseguir preservá-los, e para contribuir a saúde física, mental, emocional e espiritual das pessoas do mundo ocidental.

Entre os anos 1976-1982, eu, Coyote Alberto, e os membros da minha antiga tribo itinerante, “Os Elefantes Iluminados,” moramos por quatro anos na costa oeste dos Estados Unidos, e convivemos com muitas nações e povos indígenas dessa região, onde apreendemos a valorar esses conhecimentos, a nos formar como aprendizes dos velhos guardiões, e a receber a sua “iniciação para poder levá-los a outras partes do mundo.

Meu principal mestre na ciência de construir e levar o “inipi” foi Melvim Chiloquim, da nação Klammath, herdeiro de varias tradições e linhagens dos povos lakota. Nesses anos, também participei de inipis com “corredores” dos povos cheroquei, apache, navajo, hopi, e mais tarde, já no México, com avos das tradições tolteca, nahuatl, maia e purepecha, entre outros. Minha formação já foi por isso com a inclusão das formas e dos desenhos dos povos do Norte e do Centro das Américas, muito mais ampla e menos ortodoxa. Alem disso contei sempre com as abençoas do irmão maior Melvim, que não sô me concedeu a permissão de realizar minhas próprias cerimônias, mais de introduzir nelas as mudanças que meu coração e visão me indicassem, respeitando sempre os aprendizados dos meus mestres e ancestrais. Isso aconteceu no ano 1981.

Hoje, 27 anos mais tarde, eu já levei o “temazcal” a muitos povos, rodas, comunidades, grupos, encontros e movimentos, em vários paises de Europa, nos Estados Unidos e México, e, junto com os membros da Caravana Arcoiris, a maior parte dos 16 paises visitados nestes 12 anos de peregrinarem.

As cerimônias de purificação que eu conduzo, não são do caminho vermelho, preto, branco nem amarelo, elas são arcoiris, porque essa e a nação a qual eu pertenço. Essa e minha visão e minha visão, minha bandeira e meu caminho. O desenho e aquele que me foi entregue pelo Melvim Chiloquim, mais em vez de fazer quatro mundos, que é a forma tradicional, eu sempre fiz cinco mundos. O quinto, pelo mundo que nos estamos já construindo com nossas ações, nossos pensamentos, orações e sentimentos. Não mais o mundo do futuro, mais o mundo presente que esta nascendo dos temazcales e das batalhas espirituais e sociais que estão acontecendo hoje, graças aos guerreiros de paz e as xamas ecumênicas que se estão formando nestas tradições, tanto as ancestrais como as emergentes.

No Brasil, a gente já fiz temazcales no Instituto de Permacultura e Ecovila da Pampa, (IPEP) em Bagé, Rio Grande do Sul; no encontro do Chamado do Beija Flor, na Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso, Goiás; no Farol do Cerrado, em Brasília; no Centro Renascer, perto de Belo Horizonte; na comunidade educativa Terra Mirim, perto de Salvador de Bahia; no Instituto de Permacultura e Ecovila da Mata Atlântica, (IPEMA) em Ubatuba, São Paulo; e agora, o mais recente, os dias 2 e 3 de agosto 2008, aqui no sitio do CEL, (Centro de Estudos e Lazer) em São Lourenço da Mata, Pernambuco.

Para aqueles que não tem nenhuma idéia do que um temazcal é, aqui estão algumas fotos do processo de construção, dos detalhes do amarrado dos galhos, da orientação da porta, do emplacamento da roda da fogueira e o caminho do fogo, (simbolizando o caminho de um dia de sol); do altar feito em forma de tartaruga (neste caso com os 20 selos do calendário maia), representando a “Ilha da Tartaruga” (nome do continente americano pelos povos indígenas do norte) e da meia lua que abraça todo o espaço cerimonial, para representar o nosso pequeno universo mais próximo de relações celestes: Pai Sol, Mãe Terra e avo Lua.

Na fogueira são purificadas as “abuelitas pedras,” sete para cada mundo, ate que elas alcançam o cor vermelho-branco provocado pelo intenso calor, e estão prontas para ser introduzidas no ventre do temazcalito, dentro de um buraco no centro, chamado o umbigo do “inipi”, onde serão batizadas pela água, no momento de dar inicio ao ritual.

O vapor produzido ao interior desse espaço reduzido, completamente fechado e coberto de lonas e cobertores, alcança temperaturas muito altas, que produzem os efeitos de purificação física, emocional, mental e espiritual das pessoas que estão participando. O suor purifica o corpo de toxinas, as lagrimas e secreções das narizes, o sistema linfático- respiratório; os cantos e as orações abrem o coração para deixar sair e nos liberam de emoções, medos, traumas, fobias, prejuízos, dores que ficaram atrapalhados no curso da vida, desde a gestação e o nascimento.

O contato com a terra, a lama, procurando por sua transpiração fresca, nos momentos de grande calor, nos libaram dos preconceitos aprendidos numa vida que nos afastam cada vez mais da nossa mãe original; e nesse momento surge a lembrança, agradecimento profundo e o arrependimento por todos os danos que lê causamos por nossa ignorância, prepotência e ambição, como indivíduos e como espécie.

A apertura ao fim de cada mundo, nos faz agradecer pelo ar que respiramos, por cada uma de nossas respirações, e quando finalmente saímos do ventre da mãe, pela vida que respira em cada uma de suas manifestações e formas de vida.

No interior do temazcal, reina a obscuridade total. Fora, a noite pode ser também obscura o somente iluminada pelas estrelas e a lua. A fogueira dura praticamente desde o por do sol ate o amanhecer. Os cantos, de todas as culturas e tradições, o bater dos tambores e as maracás, acompanham toda a cerimônia.

Ao sair do quinto mundo, uma vez tendo passado pelo mundo dos minerais, os vegetais, os animais, os seres humanos e o mundo dos espíritos e dos sonhos realizando-se, os participantes entramos nas águas frias de um rio, uma lagoa, uma piscina, o do mar, o no pior dos casos de uma ducha, para refrescar nossos corpos ardentes, para limparmos da lama e do suor, e para fechar nossos poros abertos pela ação do calor a traves das duras provas do passagem a traves dos cinco mundos, processo que pode durar mais de 5 horas.

O renascimento tem então lugar e o batismo pelas águas, nos faz tornar desse estado de grande alteração da nossas consciências, para um estado de infinito assombro e agradecimento pela vida. Ao entrar ao temazcal cada um se purifica com o copal, e procura re-conecta-se “com todas nossas relações”, significado da palavra lakota “Omta´Kuoyasim”, e ao momento de sair, no meio da note, com chuva, sem chuva, com estrelas o sem estrelas nem lua, as pessoas compreendem o significado profundo dessa palavra, que simboliza e sintetiza a enorme sabedoria desses povos que foram exterminados como “bárbaros” pela civilização e as religiões chegadas de ocidente.

“Todas nossas relações” são nossos parentes todos, desde os soles e os planetas mais longes, ate os mais minúsculos dos organismos que convivem conosco neste paraíso vivo que e a Mãe Terra. Nossos parentes são as montanhas, os desertos, os cristais, o ferro, o petróleo, mais também as florestas, as plantas de visão, o milho e as frutas e flores dos variados jardins deste planeta. São os animais que moram nas águas, baixo a superfície da terra, que voam, que raptam, que brincam nos arvores e que dormem nos invernos dentro das cavernas. Nossos parentes são os seres humanos de todas as culturas, de todos os origens, de todas as idades, crenças, jeitos e colores. Os de ontem, os de hoje, os de amanha. Aqueles que nos deixaram ensenhanzas profundas, obras de arte maravilhosas e pérolas de conhecimento, e aqueles que nos deixaram uma herança de crimes e genocídios inenarráveis.

As cerimônias de “temazcal” e o “inipi” são um conhecimento bastante delicado, perigoso quando ma utilizado, e a sua condução uma responsabilidade muito grande para os “corredores” que tem recebido o privilegio de a realizar. Uma sauna é uma sauna, e pode ser utilizada somente para a limpeza do corpo e o banho, como acontece em algumas culturas do mundo. Não devemos confundir uma sauna com um “temazcal”. Os propósitos e o desenho são bem diferentes.

Aproveitemos dos bons condutores que cruzam nossos caminhos para seguir aprendendo dessa tradição. E nos, da Caravana, continuaremos oferecendo- lá para aqueles que precisem para sua saúde, física e emocional, o que acreditem que pode lês ajudar em sua formação como aprendizes de curandeiros e xamas.

Para aqueles desta região Metropolitana de Recife em Pernambuco, a gente já tem um sitio com um temazcal e infra-estrutura pronta para a realizá-lo, no CEU de São Lourenço, mais estamos prontos a construir um outro si as condições são favoráveis e contamos com grupos que nos apojem na formação de grupos interessados nesta experiência sem igual.

Boas viagens e “OMta Kuoyasim” para tod@s

Para mais informações: 81-8641-6734