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Por Coyote Alberto Ruz
Belem, Para
Amazônia, Brasil
Uma vez mais, uma missão que parecia quase impossível para a Caravana Arcoiris por la Paz, logro serem realizada: Conseguimos sair de Recife, depois de 11 meses estacionados na base Bicho do Mato, uma vez que nossos veículos foram precariamente concertados, pneus de segunda rodada comprados, os vistos e permissões para ficar legais temporalmente no pais proporcionadas, graças ao apoio in-valuavel das nossas irmãs da Fundação Terra Mirim, e de reunir uma quantidade apenas suficiente de dinheiro para a viagem, graças às doações feitas pelos nossos amigos, irmãos e companheiros incondicionais dos quatro cantos da Pachamama.
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O percurso de Recife a Belem, de 2100 kms, foi realizado, a ritmo caravaneiro, em oito dias, com uma soa parada em Teresina de dois noites. Tivemos vários problemas mecânicos, praticamente com todos os veículos, mais afortunadamente nenhum de gravidade, e os piores, justo nos sítios onde paramos e podíamos resolvê-los: pneus furados, uma mola quebrada, quedas elétricas, concerto de motor de arranque e muda de bateria, uma roda rota dum trailer, perda de pressão e mistura de óleo e diesel no motor do caminhão, e o mais perigoso, duas vezes, a quebra do sistema de enganche entre a Wipala e nossa cozinha móbil, a Caracola.
Cada noite paramos nos postos de combustível, para maior segurança (as estradas do norte do Brasil são consideradas altamente perigosas por causa dos assaltos), por contar com banheiros e chuveiros, e nos estacionamentos dos caminhões, com espaços com teto para botar nossas barracas.
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Viajando oito dias com 22 pessoas a bordo, cinco delas crianças entre um e 7 anos, tirando da Kombi com o caminhão para poupar combustível, e uma soa parada de um dia no caminho, não foi sempre fácil. Devido a isso, a providencial pausa em Teresina, convidados pelo Grande Pellé, responsável do Ponto de Cultura Trilhas de Teatro, num albergue com quartos e camas, água corrente, refeições e: UMA PISCINA, foi uma oferenda do Universo que precisávamos e agradecemos muito. Em troca desse convite a Caravana fiz uma apresentação na estação da Ferroviária onde o Ponto de Cultura tem a sua sede, com números de dança, conta-historias, mimo, malabares de fogo, abraçoterapia e cirandas do mundo.
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Na manha do domingo 18, a Caravana fez seu ingresso no campus da Universidade Federal Rural de Amazônia, onde o Acampamento da Juventude será alojada pelos dias do Fórum Social Mundial. Foi um momento de grande alegria coletiva por ter chegado bem, sãos e salvos a nosso destino. A trezentos metros do portão, encontramos o sitio onde estamos neste momento construindo a Aldeia de Paz, e onde Thomas Enlazador e uma turma de 30 pessoas já estavam morando de uma a duas semanas.
Esse mesmo dia começo para a Caravana o seguinte capitulo de sua historia. A primeira participação tanto num Fórum Social Mundial como num encontro tão numeroso, já que as expectativas de participação variam entre 90 e 120.000 pessoas.
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O Acampamento da Juventude esta-se preparando para receber aproximadamente 10.000 pessoas, e a Aldeia da Paz um máximo de 400 a 500 pessoas. A Aldeia será o único espaço de autogestão, com um refeitório solidário vegetariano, com banheiros ecológicos secos, um território livre de álcool, onde as decisões serão tomadas nas rodas pelos moradores, e com um desenho permacultural para definir os espaços dos bairros, os espaços comunais, as trilhas, os centros de reciclagem e as composteiras.
A Caravana já montou sua grande lona de circo, a lona do Arcoiris, onde serão programadas oficinas, apresentações, espetáculos, palestras, reuniões e conselhos de visões das diversas tribos que assistam ao Fórum. Junto à lona, nossos seis veículos estão já sendo utilizados para manter a Caracola, nossa cozinha alternativa, a Mazorca, nosso escritório com os computadores, os equipamentos eletrônicos, arquivos e, pela primeira vez na nossa historia, o Internet 24 horas ao dia. Em nosso caminhão Ganesha, mantemos uma área de ferramentas e para apoiar a produção, e nossa Kombi é até agora o único veiculo para deslocamentos da equipe de produção e relações publicas para a cidade. O trailer Águila contem o equipamento de acampado e para as oficinas, e o ônibus Wipala o alojamento de alguns de nos, especialmente aqueles cujas barracas ficam inundadas nas fortes chuvas tropicais da tarde e das noites.
Neste momento temos representantes de mais de 25 coletivos, nacionais e internacionais, de 15 paises do mundo, participando como voluntários nos diferentes Grupos de Trabalho que estão construindo todas as infra-estruturas necessárias para receber aos próximos grupos, caravanas, coletivos e indivíduos que chegaram a Aldeia da Paz nos próximos dias.
Estamos levantando o tipi da cura e primeiros auxílios, o espaço das abelhinhas (crianças), o refeitório, a centro de comunicações, audiovisuais e cultura digital, os chuveiros, as latrinas secas, o tipi da lua para as mulheres, as áreas para acampamentos, os centros de reciclagem e composta, a tenda da recepção, e colhendo lenha para a fogueira central, que será acesa no por do sol do dia 23, e permanecera sendo cuidada até o fechamento da Aldeia da Paz no mês de fevereiro, para as atividades ecumênicas das diversas tradições.
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Temos equipes desenhando placas de sinalização, um mapa da Aldeia, preparando nossos alimentos, pegando água, mantendo relações com os organismos locais, nacionais e internacionais que coordenam o FSM, com os bombeiros, a policia militar, a policia ambiental, a imprensa, a segurança da Universidade, a reitoria da UFRA...
No resto do campus, as estruturas alugadas para os outros acampamentos ficam até hoje, vazias. Nenhum desses acampamentos tem até agora pessoal morando neles. Tem espaços confortáveis e modernos para refeitórios, chuveiros, fórums, encontros, e nos estamos construindo todo com bambu, terra, serragem, madeira reciclada, material pegado nos lixeiros da Universidade, lonas pretas, e poquisimas ferramentas proporcionadas pelos mesmos coletivos.
Conseguir todo isso não foi, nem é uma tarefa fácil. E o fruto de muitas articulações, pressão, trabalho, e da presença desta equipe heróica de voluntários que estamos praticamente ocupando um espaço, na área de agroecología, graças ao coletivo IARA, que nos foi negada e tivemos que lidar muito com outras entidades políticas, para poder montar nossa Aldeia da Paz. Construir “um outro mundo” não é uma tarefa simples.
Mais nessa estamos, e este é nosso primeiro comunicado para todo@s vocês que não conseguiram chegar a Belem. Esperamos poder representá-los bem, e levar nossas visões coletivas a este, o maior fórum social que acontece no planeta, neste momento histórico de mudanças, que propicia mudanças globais com o fim da Era de Bush e o inicio do que poderia ser um novo ciclo social e ambiental na Terra.
O Fórum Social Mundial será um termômetro para medir nossa capacidade organizativa, nossa articulação com outros movimentos, e para abrir ao mundo muitas janelas onde poder perceber como esse “outro mundo” pode ser manifestado.
Os nossos irm@os maias das florestas de Chiapas falaram que este já não somente era o tempo de sonhar, mais o tempo de acordar e começar a construir esses sonhos. Hoje, aqui na floresta Amazônica, estamos precisamente construindo nosso sonho: uma Eco aldeia cerimonial temporal, no coração do maior encontro de tribos de planeta.
Agradecemos a todas as forças do Universo por essa possibilidade, por este momento, por esta responsabilidade e por esta grande celebração pela vida.
Por todas as nossas relações
O¨MTA KU OYASIM