23 de agosto de 2008

CHAMADO DA FLORESTA AMAZÔNICA

COMUNICADO DO SUBCOYOTE ALBERTO
sobre o
FÓRUM SOCIAL MUNDIAL (FSM)
2009

CHAMADO DA FLORESTA AMAZÔNICA
Belém, estado do Pará.
Amazônia Brasileira
27 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009

Saudações família, clãs, tribos, movimentos, redes, caminhantes, guerreiros da paz, gente ponte, curandeiros e sonhadores de sempre.
Novamente aqui o subcoyote Alberto num chamado planetário a nos mobilizarmos, desta vez ao Norte do Brasil, para construir e participar da manifestação de uma Aldeia de Paz, no marco do próximo Fórum Social Mundial (FSM), que acontecerá na cidade de Belém, capital do estado do Pará, justamente numa das desembocaduras do grande rio Amazonas, de 27 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009.

A Floresta Amazônica é o nome que escolhemos para este chamado, já que estamos vivendo um momento de emergência planetária, em que o processo acelerado de exploração irracional na Amazônia já devastou mais de 20% da floresta. Portanto é de suma importância que o próximo FSM tenha a Amazônia e sua incrível biodiversidade (a maior do planeta!) como um símbolo da necessidade de seguirmos lutando, local e planetariamente, para proteger esta, que é um dos últimos pulmões verdes e fontes de água doce de nossa querida Mãe Terra, localizando-se na Amazônia, a maior bacia hidrográfica do globo.

Antecedentes das Aldeias planetárias de Paz

A Caravana Arco-íris por la Paz acaba de completar doze anos de viagem pelas Américas no dia 18 de julho desse ano, e em 1° de agosto completou 3 anos no Brasil, tendo percorrido 10 estados brasileiros. Todos os nossos propósitos originais já foram amplamente cumpridos. A realização de vários conselhos de visões biorregionais desde o primeiro Continental realizado em Meztitla, Morelos, México em 1996, até o chamado do beija-flor no Brasil, em Goiás, em 2005. Durante o caminho além dos conselhos de visões mexicanos foram semeados o primeiro conselho biorregional da Venezuela, na grande Savana em 1997-98; 0 primeiro conselho biorregional e de eco aldeias em Titiribi-Armenia, na Colômbia em 1999-2000; a aldeia da paz das mulheres lideres em Paute, Equador em 2002; o Chamado do Condor em Urubamba e Machu Pichu, Peru, em 2003; o Chamado do Arco-íris em Apu Wechuraba de Santiago de Chile em 2004; o Chamdo do Aconcágua em Viña Del Mar em 2005 e o Conselho de Visões brasileiro no mês de setembro de 2005 na Chapada dos Veadeiros, Goiás.

No caminho entre o Chile e a Argentina, conseguimos também cumprir com a nossa meta mística e geográfica de plantar a bandeira do Arco-íris nos gelos e geleiras da Terra do Fogo, e de fechar a nossa peregrinação pelas estradas sagradas do continente, cumprindo assim a missão que os nossos avós nos incumbiram de contribuir para o despertar dos povos originais e dos centros de poder das Américas.

Apoiados por Gilberto Gil, até poucos dias Ministro da Cultura, a Caravana Arco-íris se adaptou a uma nova personalidade ao entrar para fazer parte de um revolucionário programa de descentralização e democratização da cultura no Brasil, transformando-se estrategicamente na Caravana Cultura Viva. Em apenas três anos de trabalho realizamos centenas de atividades culturais, educativas, cerimoniais, e contribuímos para o fortalecimento da rede de Pontos de Cultura tradicional, popular e emergente do país. O encerramento desse trabalho se deu no levantamento da nossa mais recente Aldeia da Paz, no centro histórico da cidade de Olinda, Pernambuco, em Abril deste ano, evento que conseguiu reunir uma grande quantidade de grupos culturais dessa região e que foi motivo de um documentário que será estreado nos próximos dias em vários fóruns do estado.

Neste momento mantemos nossas duas personalidades, a de Caravana Arco-íris e a de Caravana Cultura Viva, e graças a ele, estamos iniciando agora uma nova etapa e capitulo do nosso caminho, para difundir, manifestar e organizar mais uma das nossas experiências eco vivenciais e cooperativas, desta vez no marco do maior evento em que até agora já tivemos a oportunidade de participar: nosso primeiro Fórum Social Mundial.



O que são os Fóruns Sociais Mundiais?

Os FSM’s, como a maior parte de vocês sabe, surgiram das mobilizações sociais a partir de 1999 como parte das ações globais que se deram inicialmente contra o neoliberalismo e a globalização, tanto em Kolhn, Alemanha, num encontro do FMI( Fórum Monetário Internacional), como em Seattle nos Estados Unidos, no encontro da Organização Mundial de Comércio. A característica principal desses eventos é a diversidade e pluralidade de movimentos sociais, ecológicos, espiritualistas, anarquistas, pacifistas, indígenas, religiosos, camponeses, marxistas, de mídia independente, feministas e de Direitos Humanos em geral, de todo mundo, sendo todos eles autônomos, participando pela primeira vez, na historia recente, de uma forma organizada, lutando pelos mesmos objetivos.

O primeiro FSM aconteceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, no ano de 2001 com o propósito de criar um espaço de encontro, diálogo, reflexão, articulação em redes e de criar frentes unidas para a defesa da vida e a busca de alternativas ao modelo de produção e consumo dominante. Seu lema “Outro mundo é possível” conduziu a formulação do conceito “altermundista” para os atores e ativistas desse novo movimento mundial.

Os dois FSM seguintes também ocorreram em Porto Alegre, o quarto em Bobaim, Índia. O quinto, em 2005, foi novamente em Porto Alegre e no ano de 2006 foram realizados três fóruns simultâneos em Caracas, Karachi e Bamako. Em 2007 ocorreu em Nairóbi, África, e em janeiro de 2009 acontecerá na Amazônia, em Belém, Pará.

Em cada um desses eventos, pelo menos no Brasil, se designa um espaço para o Acampamento Internacional da Juventude, no que por três anos uma série de grupos altermundistas desse país tem coordenado as Aldeias da Paz, modeladas, entre outros, pelo desenho gestado ao longo do processo de formação dos Conselhos de Visões biorregionais, que tiveram origem no México, desde princípios dos anos 90. Vários membros dessa rede de organizadores da experiência das Aldeias de Paz brasileiras, entre eles Thomas Enlazador e Claudião Spinola, assistiram o chamado do Condor e se converteram nos principais coordenadores juntamente conosco, Caravana Arco-íris do Chamado do Beija-flor.

E agora, aproveitando a sincronia da Caravana estar a vários meses acampando no Centro Ecopedagógico Bicho do Mato, de Thomas e Kalinne, em Recife-PE, novamente ambos os grupos e redes estão se unindo para fazer esse chamado conjunto às redes altermundistas do planeta.

Porquê uma Aldeia de Paz nos FSM’s?

A decisão de criar esses espaços surgiu da observação de que nesses eventos, que atraem dezenas de milhares de ativistas de todo o mundo, não tem uma previsão de um espaço em que se possa montar um modelo-piloto, temporal, onde se possam oferecer experiências práticas, vivenciais, naquilo que implica criar e sustentar uma cultura altermundista diante das condições em que se encontra o nosso planeta hoje em dia. Os fóruns trazem consigo uma programação com centenas de conferências, mesas redondas, apresentações audiovisuais, documentários, filmes, exposições de fotos incluindo manifestações artísticas de todas as espécies, mas todas falando do que não funciona no sistema dominante em que vivemos, e muito pouco do que poderia ser feito em propostas alternativas esse sistema. De como passar dos pro-testos para as pro-postas possíveis.

É certo que em um par de ocasiões tanto no Brasil quanto na África, a rede global de ecoaldeias e de permacultores montaram seus estandes de informação, também para apresentar suas, nossas, propostas de como criar e multiplicar essas experiências fundamentais ao longo do planeta. Mas na prática durante os fóruns não conseguiram montar um espaço onde isso pudesse ser vivenciado. Onde todas as mesmas contradições possam ser testadas, colocadas em ação, experimentadas, corrigidas, transformadas e transcendidas.

Nossa proposta de levantar de novo uma Aldeia da Paz em Belém,é de poder contar com um espaço onde se possa comer de uma maneira saudável, agradecendo por tudo o que a natureza nos proporciona, acampar sem medo de ser roubados e das mulheres serem molestadas, um espaço onde possamos reciclar nosso “lixo”, usar a água de maneira racional, criar rodas de paz para compartir cantos e danças de todo o mundo, ter um local de cura com as plantas e outras terapias alternativas, um lugar onde nossas crianças possam brincar e cantar sem estar em perigo, nem estar expostos ao consumismo e aos outros “valores” que nos induzem dia e noite os meios publicitários, os shoppings, um lugar onde se possa manter um fogo aceso no coração da aldeia, onde se possa ter a oportunidade de se expressar, de ser ouvido. E que todas essas palavras, orações, cantos, questionamentos e propostas não sejam tão somente retóricos, mas sim que possam ser levadas e aplicadas no nosso cotidiano. Não sabemos o quanto de tudo isso conseguiremos realizar, mas esse é o nosso intento, nosso desafio, e a aventura a que os estamos convidando.

De alguma forma esta será a “graduação” da Caravana Arco-íris por la Paz, provavelmente o encerramento das nossas atividades na América do Sul, e para isso estamos convocando os antigos caravaneiros e caravaneiras, e a todos aqueles que quiseram vir conosco e até agora não conseguiram, para vir dar uma mão, para contribuir levantando fundos em suas biorregiões, para conseguir materiais e apoios de todo tipo e para se fazer presentes e compartir tudo o que tem sido feito nesses anos, para juntos termos uma grande celebração e um Conselho de Visões, para olharmos juntos os diferentes amanhãs e mundos possíveis que se abrem diante de nós.

IMPORTANTE: como até este momento não contamos com nenhum apoio nem patrocínios institucionais, nem privados e nem públicos, nem nacionais e nem internacionais, este chamado é para que cada um de vocês aí onde estão e onde se movem contribuam para encontrar parcerias, associações com fundações, ONG´s, fundos de todo tipo, para ajudar-nos a nos mobilizar, a chegar pelo menos um mês antes do FSM em Belém, e conseguir toda infra-estrutura para receber os vários milhares de outros nós, que chegarão do mundo inteiro para participar desse evento histórico.

Esperamos suas sugestões, contatos, idéias e visões, mas também seu apoio concreto para podermos manifestar juntos esse maravilhoso projeto.




Como saber mais sobre o FSM e as Aldeias de Paz?

Aqui lhes enviamos uma lista de sites e blogs onde podem acessar mais informações, mas no que se refere a nossa iniciativa lhes recomendamos iniciar uma conversa através deste meio para saber quem de antemão já sabe que pode ou não pode, e como pode nos apoiar na realização desta transcendental experiência.

Sitio del FSM: www.forumsocialmundial.org.br
Blog del FSM: http://www.fsm2009amazonia.org.br
Blog actualizado del FSM: http://belemjaneiro2008.blogspot.com

Portal de Aldeia de Paz: http://aldeiadapaz.blospot.com
Con videos de la última aldea de paz en el FSM de Porto Alegre



E-mail de Thomas Enlazador: ecopedagogia@gmail.com
Blog de Ecopedagogia: http://ecopedagogia.blogspot.com

E-mail do Subcoyote Alberto: subcoyotealberto@yahoo.com
Blog da Caravana: http://caravanaarcoiris.blogspod.com
Sitio (em reconstrução) www.lacaravana.org

Sitio do Hummingbird Call: www.humingbirdcall.com (Recomendado para acessar e saber do documentário do "Chamado do Beija Flor" de Brasil e da proposta do “Eco-Manifesto” de sua direitora Alice Klein)

E-mail de Nicolas Dyszel: fckallthis@hotmail.com (Recomendado para acessar e saber do documentário “Gente da Terra”, (em espanhol) sobre o “Chamado do Beija Flor” de Brasil), dirigido pelo mesmo Nicolas.
http://www.youtube.com/watch?V=cOnSAAmEZ14

E-mail de Jason e Penélope (laranarcoiris@yahoo.com)
Para os documentários: "World Bridgers": 10 años de viajem com a Caravana Arcoris por la Paz e "El Llamado del Cóndor"

E-mails de Gabo Zapata e Erica Tomas <anandanadi@gmail.com>,
Para os documentários: "El Llamado del Cóndor" e "Tzajalá-Consejo de Visiones de Chiapas en 2002"

Subcoyote Alberto Ruz Buenfil subcoyotealberto@yahoo.com